quarta-feira, 30 de julho de 2008

Dia 25 de julho de 2008.

A tarde na Mangueira foi bem agradável. Apesar da “forte dor de cabeça”, Kelly estava bem humorada e cheia de planos. Deixei a mochila no bazar e fomos passear pelos becos. Ainda fico impressionado com a maneira como Kelly caminha tranqüila e à vontade, sempre cumprimentando quem passa e muitas vezes distribuindo conselhos. Naquele momento, pensei na imagem de uma “dona do lugar”. Logo depois, percebi que esta é uma reafirmação do papel de liderança da comunidade.

A primeira parada é na biblioteca. Faz tempo que não entrava lá. Como eu já esperava, o lugar está todo arrumado, mas, ao mesmo tempo, em transformação. Em todas as vezes que estive na sede da ONG, há planos para modificar o lugar. Uma nova parede, uma pintura necessária, outra colocação dos computadores. Desta vez, a grande novidade é o segundo andar. Não tenho dúvida que será construída, mas também não tenho idéia de quando ficará pronto. Um dado interessante é que os computadores foram comprados com o recurso do Instituto C&A, mas a conexão é gato. Isto não é oficializado nos documentos, mas a funcionária da C&A e “fiscal” do Instituto sabe.

Conversamos longamente sobre os projetos das Meninas e Mulheres do Morro. A parceria com o Instituto C&A termina em fevereiro e Kelly já pensa em alternativas de financiamento. A possibilidade mais evidente é o edital do Instituto Unibanco, que está aberto. Também sugiro contato com o Banco do Brasil e com a Secretaria de Mulheres do Governo Federal. Combinamos de aprofundar os planos nos próximos dias.

A segunda parada é na casa da Mônica. Ela está bastante doente... No começo, fico sem jeito. Não sei como tratar a questão. Ela está com a cabeça raspada e estática na cama. Mas faz planos: revela que pretende entrar para uma igreja evangélica a ser escolhida e me convida para o aniversário do filho em 28 de setembro. Vemos um pouco de TV e vou embora.

No caminho de volta ao bazar, esbarro com um rapaz armado. Havia tempo que não encontrava com este personagem. Acho que é por isso que a cena volta a chamar a minha atenção.

No bazar, confiro as informações do edital do Instituto Unibanco. Não parece complicado, mas levanto que o projeto precisa ter algumas alterações para aumentar a chance de aprovação. Kelly concorda. Por outro lado, o projeto está “muito bem escrito”. É evidente como o texto de elaboração do projeto mudou nestes anos. Há, de fato, uma apropriação da “linguagem de projeto”, usada por instituições públicas e privadas de financiamento de ações sociais. Não tenho dúvida de que é uma conseqüência da relação dialógica estabelecida com outros setores da sociedade.

Também conversamos um pouco sobre a minha pesquisa do mestrado. Por conta disso, Kelly se questiona e chega até a falar em incoerência em usar realizar projetos sociais e, ao mesmo tempo, piratear a internet. Eu não concordo e ela diz que vai pensar no assunto. Talvez, a relação com estruturas formais esteja contribuindo para promover mudanças mais profundas nas práticas da ONG do que o texto do projeto. E já é hora de partir.

domingo, 13 de julho de 2008

Ainda na linha de posts de viagens,

desta vez, acabo de chegar de Visconde de Mauá. Sempre ouvi muito elogios, mas nunca entendi o que era a cidade. Durante muito tempo, achei que fosse um vilarejo praiano. Equívoco total. Mauá fica encravada num vale, ao lado da serra da Bocaina. A maior supresa é que beira um rio e, do outro lado, Minas Gerais! Como eu nunca soube disso? No bate-perna da tarde de sábado, Mauro solta uma frase bairrista e simpática: "Aqui somos muito mal tratados pelos vendedores. Vamos atravessar a ponte para o lado mineiro." Ele acertou.

Exageramos nas refeições, mas nã nos arrependemos. Muito chocolate. Fondue clássico. E destaque para a novidade: moquetruta. As cachoeiras estavam frias demais, mas as três horas de caminhada foram ótimas. No retorno, uma passadinha em Penedo. Mais chocolate.

Adeus