segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Nunca fui...

... fã de música sertaneja. Obviamente, continuo não sendo. Mas confesso que adoro a “Evidências” do Chitãozinho e Xororó. É aquela que todo mundo conhece: “Chega de mentiras / De dizer que não te quero / Vou negando as aparências / Disfarçando as evidências”...

O mais interessante é que não desenterrei este gosto estranho ao assistir o Domingo Legal com o Gugu ou a Homenagem ao Artista do Raul Gil. A apresentação empolgada do pai e tio de Sandy & Junior foi no Vídeo Music Brasil da MTV, em um número especial com a tal da banda meio emo Fresno. Tudo muito esquisito, mas ficou ótimo! Como já diz uma das minhas comunidades no Orkut: Ouço mil vezes a mesma coisa. Nesta versão, foi: assisto mil vezes o mesmo vídeo no YouTube.

Fiquei pensando o inusitado desta apresentação. Claro que não foi pelo fato de colocarem dois artistas “diferentes” na interpretação da música. Isso já é coisa batida, que acontece desde o Chacrinha até os eventos da Coca-cola. O marcante foi perceber como os produtos culturais considerados bregas, rechaçados, inferiores tornam-se cults, charmosos, legais.

Rapidamente, posso resgatar alguns exemplos: os folhetins do século XIX; as histórias em quadrinhos, as canções do Roberto Carlos, os filmes do Charles Chaplin, o acordeom do Luiz Gonzaga, as marchinhas de carnaval, a deusa da Rosana, o erótico da Luz del Fuego, o tubarão do Spielberg, o funk da favela em que eu nasci.

Isto acontece pelo resgate do que foi produzido no período imediatamente anterior. Será que caminhamos para referendar aquilo é que ruim ou para reconhecer as possibilidades criativas? Como otimista que sou, fico com as “Evidências” da segunda opção.

Adeus

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sempre fui fã...

... da Uruguaiana. Não somente pela praticidade e preço, mas também pelo clima de mercadão popular. O andar pelas galerias me leva a um imaginário de feiras marroquinas ou tailandesas, apesar de nunca ter estado nestes locais. Já comprei brinquedos para os sobrinhos e CD pirata, mas nada que não poderia ser encontrado em outro camelódromo da cidade.

Mas tem coisas que só a Uruguaiana vende para você, né? A minha demanda comercial desta vez era a frente de um rádio para automóvel. Obviamente, o carro não é meu. Não comprei um motorizado e saí por aí barganhando frente de rádio. A negociata era para o Mauro, que perdeu o assessório sonoro quando fomos ao aniversário no Atlântico. Não sabemos se caiu no asfalto ou se esquecemos no teto.

Na semana passada, fui perguntando:

- Quero comprar a frente de um rádio? Sabe onde acho?
- Com o Carlinhos – eu ouvia dos locais. Encontrei Carlinhos e encomendei o produto.

Ontem, retornei ao mercado. Não sabia a localização da loja de Carlinhos e tive que perguntar tudo de novo. Ao encontrar Carlinhos, perguntei:

- Oi! Você conseguiu o Pionner 1880G?
- Consegui sim.

Homem ao lado interrompe:

- Carlinhos, me dá logo o produto que estou com muita pressa. A minha mulher está no carro, me esperando com um revólver.

Carlinhos não dá muita bola. Procura entre o produto dentro da bagunça organizada e acha uma peça inteira: frente e corpo do rádio.

- Aqui está o rádio. Você quer só a frente, né? 90 reais.
Homem interrompe novamente:

- Pô Carlinhos. To com pressa. Vamo lá.

Eu foco no vendedor, peço desconto, mas o preço não cai. O homem tenta interromper novamente, mas, Carlinhos, que é ótimo vendedor, não dá bola pela terceira vez. Resolvo pagar os 90 reais e saio feliz!

Descobri mais uma qualidade da Uruguaiana: o cliente tem mais valor que o marido que larga a mulher tomando conta de revólver. É justo.

Adeus

sábado, 4 de outubro de 2008

Primeiro mobilepost...

... a gente pode acabar esquecendo. Por isso, é bom deixar registrado.

Mesmo sem muitas opções na geladeira, há lugar pra diversão:

- Já que não tem nada pra beber, vou botar Redoxon na água.

Adeus

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Não tenho o hábito...

... de reclamar da vida, não. Mas assumo que, ultimamente, essa coisa de vida profissional tem me deixado de saco cheio. Hoje, o meu horóscopo disse que questões de trabalho ficarão sem avanço até 16 de outubro, por causa da lua que encontra com júpiter não sei aonde.

 

Eu quis porque quis mudar de emprego. Já não agüentava mais caminhar entre os puffs daquele suposto ambiente ideal para os funcionários. E pior, sabia que estava no limite da tensão por causa do big boss carente, que descontava tudo nos subalternos. Acho que nunca mais vou esquecer a sensação de “ele também cumpre ordens” ao vê-lo na tosca posição de jurado do Miss Brasil.

 

Eis que mudei de emprego! Felicidade total! Trabalho legal, pessoas simpáticas, empresa respeitada, mas... check in às 8h da manhã! Ta de sacanagem, né? Nos primeiros momentos, protagonizei o diálogo:

 

- O horário é de 8 às 5 da tarde mesmo?

- É, mas é flexível. Você pode entrar às 8h30 e sair às 17h30.

- Mas não é a mesma coisa?

 

Nunca fui bom em pontualidade. Muito menos quando os compromissos são antes das 11h da manhã. Imagina às 8h... E esta tem sido a minha rotina no emprego novo. Ao chegar, é tudo ótimo. Mas, antes, um horror... Enrolo pra levantar. Aperto 18 vezes a função soneca do celular. Demoro pra escolher o figurino.

 

Atualmente, confirmo a máxima de que “nem tudo é perfeito”. Acordar cedo assim não é perfeito.

 

Adeus

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

E desta forma,...

... sou informado sobre o fim de uma era de regalias tecnológias e infinidades comunicacionais:

"Parabéns, Vc agora é um Ligador. Lembre-se de fazer recargas que somem no mínimo R$10,00 para garantir o seu bonus. Aproveite."

Que mané aproveitar? Eu deveria lamentar...

Mas nada de lamentações. Agora eu posso pagar a conta! Que se fodam!

Adeus

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Desta forma, ...

... me despedi da repartição.

Amigos,

Agora, me despeço do Oi Futuro. Estou feliz pela nova oportunidade, mas realmente muito chateado por deixar um grupo de amigos tão queridos. Amanhã, estaremos todos no Paraíso do Chopp, às 18h, logo depois do trabalho, ok?

Neste mês de agosto, completo exatos quatro anos de Instituto Telemar/Oi Futuro. Apesar da pose madura para convencer na seleção de estagiário, eu nunca havia trabalhado numa empresa de grande porte. Era tudo muito amplo e sofisticado. Lembro que achei confuso chegar ao 5º entrepiso e fiquei impressionado quando descobri que poderia pegar um taxi até a minha casa se saísse depois das 21h.

O tempo passou, fui contratado e passei por experiências inesquecíveis. Acompanhei os bastidores do surgimento de um espetacular centro cultural; aprendi, com muita admiração, o universo da museologia; presenciei jovens da favela se tornarem diretores de cinema; e me dei ao luxo de recusar infinitos convites para as melhores atrações culturais do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, superei preconceitos do uso dos recursos digitais na escola; percebi que todo mundo é produtor de conhecimento; que o computador transforma a vida das pessoas; que é possível articular a iniciativa privada com o Estado, de forma honesta e sincera; e que a educação é o mundo mais interessante deste planeta.

No meu dia-a-dia, a expressão “Novos Brasis” tornou-se a mais falada, escrita, pensada. Por meio do programa, conheci pessoas e histórias de vida interessantíssimas. O Novos Brasis me permitiu acabar com estereótipos e perceber o tamanho do Brasil. No Amapá, coloquei o pé direito no hemisfério norte e o outro no sul. Fiquei com medo dos búfalos da ilha de Marajó. Tive vontade de me mudar de vez para o Ceará. Apaixonei-me pela diversidade de Pernambuco. Pulei em cima de um trio elétrico no circuito tradicional de Salvador. Passeei pelas ruas coloniais de Diamantina e Outro Preto e, em Belo Horizonte, fiz uma visita exclusiva pelo palácio do governador. E, de tanto ir para São Paulo, acho a coisa mais normal a avenida Paulista ficar afastada do centro e próxima aos nobres Jardins.

Quero agradecer à convivência de todos nestes quatro anos. Agradeço à Samara e à Arlete, com quem aprendi o que é ter liderança de forma respeitosa. Com elas, tive exemplos diários de dedicação, superação e, principalmente, de como uma pessoa consegue fazer a diferença mesmo numa empresa tão grande. Agradeço à Tatiana Laura, minha amiga querida, que dividiu as mudanças nas nossas vidas nestes quatro anos. Agradeço à Maíra, que compreendeu as minha questões e, na sua correria, sempre parou para me ouvir. Agradeço à Shirley, que, além de cuidar de mim, mostrou que a vida é melhor quando é mais simples. Agradeço à Adriana Castelo Branco, por gostar de mim de graça. Agradeço à Bruna, que enfrenta os problemas com muita energia e sabedoria. Agradeço à Zilma, que me apoiou em todos os momentos e tornou-se uma amiga. Agradeço ao André, que, sem dúvida, é um exemplo de vida e compromisso. Agradeço à Sabrina, com que, em muito pouco tempo, construí uma amizade para todos os tempos. Agradeço à Flávia e Tatiana Zanotti, pela paciência e extrema competência. Agradeço à Fernanda, pela sua alegria. Agradeço o humor do Roberto, o sorriso da Taissa, a euforia da Elaine. Agradeço ao Alberto, que sei que aprendeu a gostar de mim. Agradeço à boa parceria com a Maria Fernanda e o Márcio. Agradeço as palavras da Lúcia, a espontaneidade da Fafá, a atenção da Dani, aos conselhos do Victor D´Almeida. Agradeço ao sotaque aconchegante da Adriana Galuppo e Pedro Melo.

Em especial (e não quero ninguém com ciúme), agradeço à Renata. Entramos praticamente juntos como estagiários do Instituto Telemar. O seu jeito fechado e objetivo foram estranhos no começo. Com o tempo, descobri uma pessoa maravilhosa. Não esqueço o dia que descobri que ela chora. E chora muito! Admiro a sua competência, a sua crença na cultura, e a forma analítica como enxerga os processos. É meiga, firme, carinhosa e sincera. E torce muito por mim! Muito obrigado!

Nesta nova fase, todos já perceberam a minha empolgação. O que ninguém pode perceber nesta hora é a minha angústia, o meu medo e a minha certeza de não encontrarei pessoas tão especiais. Sei que o sentimento de todos em relação à minha saída é a alegria. Mas peço um pouco mais. Peço para que, sem o convívio cotidiano, esta alegria se consolide como amizade, mesmo depois da despedida de amanhã.

Grande beijo e até breve!

Adeus

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Depois de oito anos, ...

... acharam os meus documentos perdidos em Roma. Um milagre da terra do Papa! A viagem foi maravilhosa, inesquecível mesmo. Eu tinha 16 anos e andava solto com amigos-adolescentes pelas estações de metrô e monumentos milenares. Um outro dia, com mais calma, posso escrever sobre os muitos momentos divertidos.

Agora, o mais importante é registrar o feito! Ele aconteceu graças a Lorenna, que, sempre atenciosa e carinhosa, mandou um e-mail com o link do consulado brasileiro na Itália:

http://www.brasileroma.it/achados.html

Eu estou lá! Na letra P.

Adeus

sábado, 9 de agosto de 2008

Dia 9 de agosto de 2008.

O dia na Candelária foi bastante produtivo. Demorei para chegar, pois tive problemas com o gravador. Com o problema resolvido, peguei o ônibus e depois o trem. Lembrei que, na última vez, fiquei com medo do traficante armado. Talvez, fosse interessante ter, novamente, uma declaração de pesquisador da faculdade. Mas hoje é sábado. Está tudo programado e nada vai dar errado. E não deu mesmo. Ao chegar, Kely reclamou do atraso e conversamos sobre o projeto que mandamos ontem para o edital de financiamento do Instituto Unibanco. Ficou legal e agora é torcer!

Kely havia marcado a conversa com o Sebastião, que só gosta de ser chamado de Sebastian. A mudança é sutil, mas, pelo que ouvi, fundamental para o bom relacionamento. Ele é dono da videolocadora, localizada na série de lojas ao lado direito do campo da Candelária. Ele não estava. No seu lugar, acabei conversando com o Hilder, que trabalha para o Sebastian na videolocadora. No início, ele estava bastante tímido e demorou para entender a função da conversa. Mas foi se soltando e acho que levou o papo com tranqüilidade. Tudo melhorou quando a Ane entrou na sala. Eles são namorados e, como não tive como expulsá-la, resolvi aproveitá-la para a entrevista. Foi ótimo! Os dois ficaram mais acessíveis e a conversa fluiu muito bem. Apesar de terem nascido e crescido na comunidade, o casal se conheceu pelo Orkut e se apaixonou pelo MSN.

A conversa seguinte foi com o Jeferson, dono da lan house e fornecedor do Veloxgato para mais de 120 casas da Candelária. Além de forte liderança na comunidade, ele já é figura fácil nas entrevistas do CAC. Disse que já conversou com o João, a Ana e mais outra menina. Será a Lilian? Fiquei com receio dele vir com respostas prontas, mas, ao final, acho que a sua “experiência” facilitou o papo. Ele falou bastante, talvez por saber que o conteúdo não vai lhe gerar nenhum tipo de problema. Grande parte da entrevista foi dominada por assuntos muito técnicos: DOS, Windows 3.11, hubs e fiação. Tentei puxar para questões mais ligadas ao cotidiano e à sua história de vida. Até que consegui, mas, muito provavelmente, vou querer conversar novamente com ele. No final, percebi que Jeferson estava mais interessado na cerveja e resolvi acabar. Mesmo assim, ele me mostrou a lan house muito satisfeito.

Já era fim de tarde. Eu havia planejado conversar com a Flávia também. Mas ela estava fazendo a unha. Não pude mais esperar e remarquei para o próximo sábado.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Dia 25 de julho de 2008.

A tarde na Mangueira foi bem agradável. Apesar da “forte dor de cabeça”, Kelly estava bem humorada e cheia de planos. Deixei a mochila no bazar e fomos passear pelos becos. Ainda fico impressionado com a maneira como Kelly caminha tranqüila e à vontade, sempre cumprimentando quem passa e muitas vezes distribuindo conselhos. Naquele momento, pensei na imagem de uma “dona do lugar”. Logo depois, percebi que esta é uma reafirmação do papel de liderança da comunidade.

A primeira parada é na biblioteca. Faz tempo que não entrava lá. Como eu já esperava, o lugar está todo arrumado, mas, ao mesmo tempo, em transformação. Em todas as vezes que estive na sede da ONG, há planos para modificar o lugar. Uma nova parede, uma pintura necessária, outra colocação dos computadores. Desta vez, a grande novidade é o segundo andar. Não tenho dúvida que será construída, mas também não tenho idéia de quando ficará pronto. Um dado interessante é que os computadores foram comprados com o recurso do Instituto C&A, mas a conexão é gato. Isto não é oficializado nos documentos, mas a funcionária da C&A e “fiscal” do Instituto sabe.

Conversamos longamente sobre os projetos das Meninas e Mulheres do Morro. A parceria com o Instituto C&A termina em fevereiro e Kelly já pensa em alternativas de financiamento. A possibilidade mais evidente é o edital do Instituto Unibanco, que está aberto. Também sugiro contato com o Banco do Brasil e com a Secretaria de Mulheres do Governo Federal. Combinamos de aprofundar os planos nos próximos dias.

A segunda parada é na casa da Mônica. Ela está bastante doente... No começo, fico sem jeito. Não sei como tratar a questão. Ela está com a cabeça raspada e estática na cama. Mas faz planos: revela que pretende entrar para uma igreja evangélica a ser escolhida e me convida para o aniversário do filho em 28 de setembro. Vemos um pouco de TV e vou embora.

No caminho de volta ao bazar, esbarro com um rapaz armado. Havia tempo que não encontrava com este personagem. Acho que é por isso que a cena volta a chamar a minha atenção.

No bazar, confiro as informações do edital do Instituto Unibanco. Não parece complicado, mas levanto que o projeto precisa ter algumas alterações para aumentar a chance de aprovação. Kelly concorda. Por outro lado, o projeto está “muito bem escrito”. É evidente como o texto de elaboração do projeto mudou nestes anos. Há, de fato, uma apropriação da “linguagem de projeto”, usada por instituições públicas e privadas de financiamento de ações sociais. Não tenho dúvida de que é uma conseqüência da relação dialógica estabelecida com outros setores da sociedade.

Também conversamos um pouco sobre a minha pesquisa do mestrado. Por conta disso, Kelly se questiona e chega até a falar em incoerência em usar realizar projetos sociais e, ao mesmo tempo, piratear a internet. Eu não concordo e ela diz que vai pensar no assunto. Talvez, a relação com estruturas formais esteja contribuindo para promover mudanças mais profundas nas práticas da ONG do que o texto do projeto. E já é hora de partir.

domingo, 13 de julho de 2008

Ainda na linha de posts de viagens,

desta vez, acabo de chegar de Visconde de Mauá. Sempre ouvi muito elogios, mas nunca entendi o que era a cidade. Durante muito tempo, achei que fosse um vilarejo praiano. Equívoco total. Mauá fica encravada num vale, ao lado da serra da Bocaina. A maior supresa é que beira um rio e, do outro lado, Minas Gerais! Como eu nunca soube disso? No bate-perna da tarde de sábado, Mauro solta uma frase bairrista e simpática: "Aqui somos muito mal tratados pelos vendedores. Vamos atravessar a ponte para o lado mineiro." Ele acertou.

Exageramos nas refeições, mas nã nos arrependemos. Muito chocolate. Fondue clássico. E destaque para a novidade: moquetruta. As cachoeiras estavam frias demais, mas as três horas de caminhada foram ótimas. No retorno, uma passadinha em Penedo. Mais chocolate.

Adeus

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Desde ontem, ...

estou em Maceió. É a segunda vez que visito a cidade. Estive aqui há praticamente dois anos. Da outra vez, organizei um encontro das ONGs financiadas pela repartição. Agora, vim conhecer dois projetos premiados. A entrega será amanhã, em Recife.

Percebi poucas mudanças na capital alagoana. Em 2006, só se falava em Heloísa Helena, com quem, aliás, esbarrei no aeroporto. De fato, apesar de todas as críticas, lembro claramente como fiquei impressionado com o seu carisma. Hoje, nenhuma novidade política, só uma história bizarra de que o Collor se comporta como um enviado de Deus para comunidades do interior do Estado.

Acordei cedo e comi uma ótima tapioca de café-da-manhã. O hotel é lindo e tem uma praia quase particular. A primeira visita foi a uma tribo indígena. Foi bom não ter me preocupado em criar uma imagem da tribo. Cheguei sem refletir sobre o que encontraria. Na saída, a sensação foi de aprendizado. Os índios não são aquelas figuras desenhadas nos livros didáticos. Usam calça jeans, celular e torcem pelo Flamengo. Referem-se a mim como “branco”, mantém rituais religiosos e obedecem ao cacique. O mais legal foi ver o Nhenety recriar a história da tribo a partir de relatos orais, deduções cronológicas e informações da internet.

Depois, parti para Marechal Deodoro. O furo foi não saber que o proclamador da República é alagoano. Gafe perdoada. A cidade é uma graça. Só não é uma Tiradentes nordestina porque ninguém tentou explorar o turismo. O projeto me fez pensar como idéias simples são tão incríveis! R$ 7 mil é suficiente para montar um trailler com cursos de softwares de imagem e fazer exibições de películas.

No retorno ao hotel, nenhuma vontade de passear pela cidade. Só um relaxante banho de piscina e chuva. Pode ser a saudade do Leblon, mas nem saí mais do quarto... Estranho, né?

Adeus

terça-feira, 8 de abril de 2008

No intervalo...

... da aula na UFF, passei o olho rapidamente pela placa de inauguração do prédio. As aulas do mestrado e do doutorado acontecem num espaço novo, que percente ao IACS, mas localizado no Ingá. O ambiente é legal, mais silencioso e não tem a confusão do corre-corre da graduação. É mais propício para a discussão sobre comunicação, mídia, poder, novas tecnologias, cultural studies, sociedade, Hall, Adorno, Bhabha, Simmel, Bauman, Geertz, Horkheimer, McLuhan e Santos (, Boaventuda de Souza).

E a placa de inauguração do prédio é bem simpática. Caretinha, mas simpática. Mas a surpresa mesmo foi com a citação da placa: uma linda frase da autoria de... João Paulo II. Ele mesmo. O papa.

Adeus

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O meu amigo recém-garanhão...

... me liga abismado para contar uma das histórias da sua família. É importante ressaltar que a família do Fábio é, certamente, a mais divertida e a mais cara-de-zona-sul que conheço. São VIPs do Piraquê, representam no Tablado, assistem a prima como protagonista da Malhação, marcam encontro no vôlei da Garcia D’Ávila, carregam a tocha olímpica pela J.J. Seabra e têm a eterna dúvida se moram na Lagoa ou no Jardim Botânico.

A história do Fábio é mesmo de abismar e começou na 14ª DP – um frankenstein entre a Selva de Pedra, o Scala, a sede da Oi, o clube do Flamengo e o Shopping Leblon. Uma amiga da sua mãe entra na delegacia e se depara com a um cartaz: Homossexuais, quando vierem prestar ocorrência, sejam homens! Fiquei muito chocado e logo contei para os meus colegas de repartição. E tive a idéia obvia! Mandar para alguma coluna. Quem sabe até o Ancelmo! Liguei pra minha amiga-melhor-amiga-de-todos-os-repórteres.

Acertado! Adriana me ligou novamente e pegou os detalhes. No dia seguinte, o Ancelmo não decepcionou:
Calma, seu polícia
Homossexuais que chegam para dar queixa de algum crime na 14º DP, no Leblon, dão de cara com um cartaz: “Homossexuais, quando vierem prestar ocorrência, sejam homens!” Um policial disse que é porque os gays “dão chilique”. Parece preconceito. E é.

A repercussão foi ótima! Todo mundo gostou da notinha. Mas a melhor ligação foi de um número desconhecido. A voz emocionada se apresenta:
- Oi! Aqui é a Flávia, amiga da Cora, que viu o cartaz na delegacia. Eu quero agradecer pela nota no jornal. Eles até já tiraram o cartaz – a emoção aumentando – Eu tenho um filho homossexual que é o melhor filho do mundo! E o mundo precisa de pessoas como você: que defendem o direito dos homossexuais!
- Ah! Imagina. Obrigado. Tamos aí pra isso mesmo!

E, no dia seguinte, mais uma da família. Desta vez, pelo Orkut, recebo a notícia de que outra prima é a capa da histórica primeira edição da Playboy nas conservadoras Filipinas. Priscilla Meirelles faz o maior sucesso no Oriente. Mesmo sem o nu frontal.

Adeus

quarta-feira, 26 de março de 2008

Quarta-feira.

Acordo atrasado e vou para a primeira reunião. Conheço o Tião Rocha, que coordena o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento e foi eleito o empreendedor social de 2007 pela Folha de São Paulo. Em pouco mais de duas horas, tenho uma aula de pedagogia e sensibilidade.

Almoço com o pessoal da Oi de BH e, novamente na correria, parto pra terceira reunião do dia. Essa conversa também é bem produtiva e adiantamos várias questões. O assunto foi o desenvolvimento de um curso de gestão via internet para organizações sociais. Será o primeiro no Brasil e, a cada encontro, fico mais empolgado! Retorno para o aeroporto.

Ao chegar à minha cidade, vou pra casa. Estou cheio de saudade do Mauro, que não vejo desde domingo. Ele fica um tempo lá em casa e a minha missão é tentar amenizar a sua tensão. Apelei para um bombom de trufa e acho que consegui. Ele volta pra casa, já que a mala ainda não estava arrumada. Durmo sozinho, mas na expectativa da viagem da semana santa.

Terça-feira.

Acordo para primeira aula da disciplina que vou cursar na UFF neste semestre. Vou junto com minha mãe, pois ela trabalha bem perto do IACS. No portão de entrada, ela diz “deixa eu tirar uma foto sua com a máquina da pesquisa.” “Pra que, mãe?” “Ué? Quero uma foto do meu filho no primeiro dia na escola!”A professora é ótima! Ana Lucia Ennes: inteligente, esperta, divertida, consistente, amiga da Marialva Barbosa e admiradora do filme “Deu a louca na Chapeuzinho”. Além disso, será muito bom também voltar a ter a Roberta, a Ana e o João Renato como coleguinhas de turma. Saio na correria, almoço em cima na mesa, volto pra casa, faço a mala e parto pra Belo Horizonte.De noite, participo de um evento bem legal. É o lançamento de uma publicação com o resultado de uma pesquisa sobre o uso do videogame no cotidiano da escola. Fiquei bem feliz, já que a tive uma participação fundamental desde o começo das atividades. Depois do coquetel, vou para o bar com o Junior – com a devida “autorização” do meu namorado – e, por volta da uma da manhã, chego ao hotel.

Segunda-feira.

O dia de trabalho é bem comum. Levanto no horário e chego sem atraso à repartição. A tranqüilidade me impressiona e, assim, tenho tempo para resolver várias pendências. Depois do primeiro final de semana, o edital do programa que coordeno já têm 110 inscrições. Acho que é um recordo para tão poucos dias!

Almoço com a Monica que me conta as suas ousadias de final de semana. Ela ficou um cara, deu o seu telefone e ainda foi ao cinema no dia seguinte. Uau! Pode parecer besteira, mas fico feliz com a evolução da minha amiga. Rimos bastante com tudo. Ao final, ela reclama que estou empolgado demais com o namoro recente e que isso tem “atrapalhado a minha produtividade”. Jogo o meu charme e ela desiste de me criticar por eu não ter escrito o tal projeto durante o final de semana. Ah! E ela concorda que boate é lugar apenas para beijar na boca. Mauro gosta dessa opinião.

Volto à repartição, saio depois do horário e pego novamente a ponte para Niterói. Infelizmente – infelizmente mesmo – chego em casa e não encontro mais o meu sobrinho Lucas. Ele tem um ano e oito meses. Uma graça! Mas dorme cedo demais... Conto a novidade do meu namoro para a minha mãe, que acha tudo bom. Faz uma bateria de perguntas, desde questões coerentes até coisas do tipo “ele tem vícios?”. Nestas horas, eu rio e completo com um doce “claro que não”. Termino o tal projeto e durmo.

Domingo.

Acordo bem cedo para um domingo. Custo a acreditar que ainda são oito horas da manhã. Prefiro a sensatez e volto ao sono. Acordo novamente às 11h30, com o Mauro já de banho tomado e todo empolgado para aproveitar o dia de compras pela Barra da Tijuca. E lá vamos nós.

Demoramos a encontrar o restaurante ideal. Tudo cheio demais contrastava com a nossa fome grande demais. Optamos pelo rodízio japonês e fazemos questão de “gastar bem o dinheiro”. Em seguida, a loja de azulejos. Prefiro ficar na minha, pois não entendo nada e não quero me meter na decoração do banheiro do Mauro. Mas ele insiste, pede a minha opinião. Fico todo contente e solto os meus palpites, mas, mesmo assim, me seguro para não exagerar. Ele gosta de tudo branco, bem clarinho, discreto e elegante. Eu já acho que deveria ter mais cor, tons e descontração. E assim continuamos o dia, parecendo de um casal feliz prestes a ser sorteado no consórcio da Caixa Econômica Federal.

E não é que encontramos um casal nesta situação? Entre as tomadas e as luminárias da Amoedo, encontramos Tati, minha amiga de repartição, com o noivo André. A dúvida matrimonial naquele momento era a porta do novo apartamento. Mauro dá o seu parecer técnico e o casal concorda. Depois, Tati reforça o convite: “Vocês não vão faltar a minha festa de casamento, né?” Mauro fica todo bobo com o convite no plural!

No começo da noite, o meu compromisso é familiar: aniversário da minha irmã. Tenho que ir para Niterói e peço para o Mauro me deixar na Praça XV. Ele, muito carinhoso, “erra o caminho” e entra na ponte. Nestes momentos, eu realmente não sei que brigo com ele ou se fico feliz com a gentileza. Tento um diálogo no meio termo, mas não tem jeito. Ele não se abala com a minha “bronca”.

O aniversário é simpático. A minha irmã estava linda e bem feliz. O namorado, que eu ainda não conhecida, é um bobão... Mas muito atencioso. Aprovado! Volto pra casa, converso bastante com o meu amigo que acaba de terminar um namoro ponte-aérea-Rio-São-Paulo e vou dormir.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Sábado.

Amanheço muito bem acompanhado e com um ótimo café-da-manhã. Não conheço pessoa mais empolgada com café-da-manhã que o Mauro. Isso é ótimo, pois ajuda a compensar o meu mau humor matinal. O dia é chuvoso e frio e, assim, ficamos na cama até o meio da tarde... Também fechamos a pousada da Semana Santa.

Resolvemos almoçar no Lamas, com a companhia da Vânia. Desta vez, pudemos conversar mais, sem a barulhada do carnaval no sambódromo. Fiz perguntas excessivas sobre o Big Brother, mas acho que parei antes que o papo ficasse chato. A Vânia foi visitar a mãe e nós fomos pra casa do Mauro. Discutimos a reforma do banheiro e concluímos o novo sofá. Continuamos as nossas horas de conversa... Não cansa. Não cansa mesmo. A chuva não parou, jantamos pizza, assistimos o BBB, começamos a ver um filme sem graça e dormimos.

Tenho que confessar que praticamente esqueci da máquina fotográfica. Fora o café-da-manhã, não tirei foto de mais nada. O dia foi ótimo. Era o que eu precisava depois de semanas de correria. Merecia mais fotos.

sábado, 15 de março de 2008

Sexta-feira.

Amanheço na casa do meu pai. Acordar cedo é realmente complicado. Hoje, pelo menos, relaxo e nem tento chegar à aula em ponto. O café da manhã é bem gostoso. Até hoje, não sei se o meu pai come aquilo tudo todo dia ou compra quando vou lá. A chuvinha leve e o metro lotado dificultam o caminho pro curso.

Ao entrar na sala, gosto do assunto: negociação com organismos internacionais de financiamento. O professor é realmente da high society do terceiro setor. Até reunião com o Clinton ele já teve.

O almoço é com a Vivi. Ela acabou de mudar de emprego e está “avaliando novos projetos”. No caso dela, é a mais pura verdade. Assumo o papel de conselheiro e gosto da conversa. De tarde, muito trabalho. Por conta do curso, as coisas estavam meio atrasadas. Acerto 12 questões com a minha diretora. Sim: 12 assuntos resolvidos. E fiquei bem satisfeito com tudo! Em cima da hora, me livrei de Juazeiro do Norte e consegui resolver a minha agenda pra semana seguinte: dia 18 em BH e 24 em SP.

Assim que chego em casa, Gabriel me liga. Ficamos uma hora e meia no celular e, durante o papo mesmo (com o pescoço torto), tiro foto da minha sala. Logo depois, uma ligação do Ceará. Os dois amigos bêbados de wisky contam ótimas novidades! Edson fecha o show da Maria Bethânia & Omara Pontuondo depois da minha sugestão (fiquei todo orgulhoso) e Marçal me convida para o seu aniversário no Dia do Trabalhador. A terceira ligação é da Adriana. A mais feliz de todas! Visitou seu apartamento próprio! Uma cobertura novinha “com tudo de muita boa qualidade”.

Mauro chega para uma noite chuvosa tranqüila. Faço um macarrão-mais-ou-menos, mas ele elogia bastante. O vinho recebe menos elogios, mas tento acertar da próxima vez. O carinho é sempre no tom certo. Depois de tudo resolvido, o sono bate forte.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Quinta-feira.

Hoje é 13 de março começo pesquisa da Solange. Ela é amiga do meu namorado e resolvi fazer por três motivos: o Mauro me pediu, achei a metodologia interessante e porque vou usar os textos para atualizar o meu blog. Três também é o número de fotos que tirei neste primeiro dia. Acabo de perceber que todas são de grupos de amigos ou parentes. Na última, há com três pessoas.

Pelo terceiro dia seguido, acordo bem cedo. Não. Não chega a ser às três da manhã, mas, pra mim, é quase isso. Como sempre, Mauro se levanta antes. A rapidez e a facilidade ainda me surpreendem. O despertador não atrapalha mais de três segundos. Toma banho, veste uma das camisas que já habitam no meu armário, beija-me e parte para vender os móveis supervalorizados. Certamente, este é o momento mais feliz do dia. Levanto atrasado demais e me arrumo em tempo recorde.

Chego ao curso. Desde anteontem, freqüento um curso legal sobre gestão de política social. Não há grandes novidades, mas o professor é experiente e tem bons contatos. O problema mesmo são os alunos. Umas pessoas confusas... Três são chatas. No almoço, a primeira foto num lugar que parece uma feira livre do café. Como a conversa está agradável e o café vem com trufas, dou o clique inicial. Explico para aos colegas e tudo certo!

De tarde, desisto do trabalho em grupo com as pessoas chatas e, às três horas, retorno à minha repartição. Uma tranqüilidade. Fico chocado mesmo quando a nova estagiária – que é minha amiga há anos – chora com três mensagens do Fale Conosco. Quero ver daqui a uns três meses se ela vai chorar! É tanta besteira que escrevem... Peço autorização e mais uma foto. Eu explico que é para uma pesquisa, mas ninguém dispensa o sorriso! Esta é uma foto importante, pois gosto demais dos meus amigos de trabalho.

Faço uma reunião no fim do dia com outro grande amigo e mais três coordenadores de projeto do Governo Federal. Vieram – ou fugiram – de Brasília para esta conversa. Tomara que tenham saído satisfeitos!

De noite, pego o metrô para jantar com o meu pai. Ele ligou reclamando com toda a razão que estou meio sumido. Às vezes, nos falamos três vezes por dia, mas ele acha pouco. Veio também um casal de amigos dele. Antes de dormir, converso pela décima terceira vez com o Mauro e solto o terceiro “te amo” do dia.

Adeus